sexta-feira, 7 de março de 2014

A história da Cigana Florisbela

No dia 22 de julho de 1887 os ciganos Nicolas e Sulamita se uniram em matrimônio. Dez meses após o casamento nasceu a primeira filha do casal que recebeu o nome de Dandara. Nicolas que já era pai da Florisbela - fruto de seu primeiro casamento - desejava muito uma criança do sexo masculino para coroar seus laços com Sulamita, não demorou muito nasceu Diogo, formando uma nova família que Nicolas tanto sonhara.
Com o passar dos anos, a Cigana Florisbela sentiu-se preterida pelo pai e por toda sua nova família; morava com mãe em um outro clã, e Nicolas sequer lhe fazia uma visita. A ciganinha teve uma infância triste, se negando a interagir com as outras crianças dos lugares por onde passava. Uma das poucas coisas que lhe dava alegria era sentar-se à beira de rios e de cachoeiras para admirar as cartas de um velho baralho que sua avó materna lhe dera. Durante muito tempo à jovenzinha se negou a seguir os costumes de seus ancestrais, e nem mesmo a vaidade comum de seu povo fazia com que esta pequena cigana florescesse para uma vida mais feliz. Quando Florisbela completou 13 anos, Florinda, sua zelosa mãe, percebendo que a filha tinha o dom da vidência e se recusava a desenvolvê-lo, decidiu então dar a ela uma bola de cristal; fato que na época mudou a vida da jovem cigana.

Movida pela curiosidade de saber sobre seu pai, a Cigana Florisbela dedicou seus dias a tentar bisbilhotar Nicolas por meio de seu sagrado instrumento de predição, no entanto, nada conseguiu. Certa noite, quando já tinha 16 anos, sentiu um vento forte invadir a sua tenda e foi sacudida por um calafrio que percorrera todo o seu corpo; imediatamente pegou a bola de cristal e sem demora, a visão que tanto almeja lhe pregou uma peça; era seu pai, porém pálido e abatido, deitado sobre almofadas coloridas. Florisbela caiu em prantos e ali mesmo presenciou a morte física de seu genitor. Florinda ao ver a agonia da filha, a socorreu de imediato acalentado o triste coração de sua menina.

Passado o impacto da “viagem” de Nicolas, a Cigana Florisbela prometeu a mãe que a partir daquela data não fugiria mais das tradições, que dirá do seu bem traçado destino. Aos poucos, a bela cigana foi fazendo fama pelas redondezas e se tornou uma das melhores cartomantes e clarividentes de seu clã, assistida pelo iluminado espírito de seu pai.
Valéria Fernandes

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