sábado, 4 de outubro de 2014

Salomé do Egito – Uma Cigana do Oriente

No dia 19 de fevereiro deste ano recebi um e-mail de uma leitora, a mesma prontificava-se a enviar-me uma tela de “sua cigana” para que eu publicasse aqui no blog. Entretanto, não citou o nome da entidade, disse apenas que eu já havia postado sobre sua história em outra ocasião. Pedi que enviasse a pintura e falasse o nome da cigana para avaliar a questão. Logo depois a moça me enviou a tela, disse que a cigana era Salomé do Egito, contudo não parou por aí: enviou-me também várias fotografias pessoais performáticas, bem como links para vídeos de um grupo de dança do qual participa. Achei estranha tal atitude, posto a cigana ser a prioridade, e, aproveitando que a gravura não tinha boa qualidade (era muito pequena), recusei divulgar o conteúdo oferecido.

Devido ao ocorrido, fiquei triste por, de alguma forma, existir a possibilidade de desapontar a Salomé do Egito, Cigana por quem sempre nutri muito carinho, principalmente quando incorporada em um grande amigo meu que é babalorixá. Desapontamentos à parte, a vida prosseguiu e chegou o dia 25 do mesmo mês. Dia este que, ao som de uma sinfonia de tranqüilidade, pois eu ouvia música com sons da natureza, a Cigana Salomé do Egito me visitou. Apresentou-se, rodopiou em minha tenda, reverenciou as imagens de Santa Sara Kali, de Ramirez e de Esmeralda, dançou para o Fogo, para a Água, para Terra e para o Ar (voltada para as velas em chamas, taças com água, pedras coloridas no altar e incensos queimando na hora de sua visita). A partir desta data, soube que Salomé faria parte da Caravana de Luz de minha tsara.

Deixei-a à vontade entre almofadas de cetim, lenços, xales, pandeiros e fitas coloridas. Não demorou, e a Cigana Salomé do Egito elegeu um xale vermelho com longas franjas, de tecido transparente, trabalhado e arrematado com purpurinas para ser seu par no bailado que faria em seguida. Incorporada em mim, deixando-me em estado de consciência, dançou bela e suave, mas com paixão e ardor que só uma Cigana do Oriente, que conhece as tempestades de areia do deserto, pode tentar reproduzir em seus passos o percurso dos ventos. Assim como veio, encantadora e terna, despediu-se de todos na tenda, juntando as mãos no gesto de “namastê” e foi-se como brisa leve deixando-me enfeitiçada por sua energia.
(O gesto que Salomé repete muitas vezes na incorporação)

Fiquei extasiada com tudo que aconteceu, e claro, ávida para um novo encontro. Então, no dia seguinte, preparei a tsara para recebê-la e a chamei ao som de música árabe por saber que é de seu agrado. Salomé do Egito chegou como antes, respeitosa com todos, contudo, almejando seu bailado. Bem ambientada, fez uma linda coreografia com um xale, depois com um pandeiro, e por último com um punhal dourado entre vários dispostos no altar. A Cigana Salomé pediu que providenciasse um véu com detalhes em dourado e falou sobre os ornamentos de sua preferência. Relatou que para cabeça prefere testeira que realcem seus longos cabelos ondulados e negros. Disse gostar brincos grandes, de gargantilhas largas, de muitas pulseiras em ambos os braços, salientando que no braço esquerdo sempre usa um bracelete dourado de duas voltas. Expôs seu gosto por anel-pulseira em particular, sem descartar outros anéis que não sejam ligados ao pulso. Até então Salomé não demonstrou interesse algum por lenços de quadril com moedas que estavam à sua frente, tampouco manuseou o leque como já a vi utilizando quando incorporada em outra pessoa. Esta Cigana, como já falei na postagem de 17/06/10, tem preferência por cores que lembrem as areias quentes do deserto para suas vestimentas, porém, aceitou de bom grado uma saia floral e uma blusa rosa com detalhes dourados que lhe dei naquela ocasião por serem peças novas.

A Cigana Salomé do Egito é majestosa, sem deixar de ser doce, meiga, viva e jovial. Transmite paz e ao mesmo tempo alegria esfuziante, mostra carregar consigo o conforto e o afago para quem dela necessita. É elegante no andar e no sentar. Fuma segurando o cigarro com os dedos da mão esquerda, mas não falou em bebidas, relatou por fim seu gosto por frutas frescas, maquiagem para os olhos e vela amarela.

Era hora de Salomé subir, relutou um pouco, fez suas reverências e foi-se para sua morada espiritual. Em seguida incorporei a Cigana Sete Saias, que já é uma outra história.

No dia 2 deste mês, fui ao um Centro Espiritual, e lá a Cigana Salomé do Egito se manifestou através de meu corpo para dezenas de pessoas. Dançou, pediu um xale, voltou a rodopiar e logo após saudou os altares da Casa em que estávamos. Em seguida deu muitos passes e fez do xale uma espécie de manto sagrado, cobrindo seus consulentes de proteção através do véu triangular.
Valéria Fernandeshttp://www.losciganos.blogspot.com.br/search?updated-max=2011-06-15T00:36:00-03:00&max-results=100&reverse-paginate=true

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