quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Cigana Zoraide

Em vida, a Cigana Zoraide apreciava se aproximar de homens não-ciganos que gozassem de boa posição social e financeira. Era saudável, jovem, bonita e destemida; não media esforços para possuir jóias e roupas de qualidade superior as que costumava ter. Certa vez encontrou um jovem que caiu de amores por ela, iniciando desta forma um romance com intuito de desfrutar dos mimos que o rapaz poderia proporcioná-la. Assim que conquistou o que tanto almejava, descaradamente passou a evitar o jovem gerando revolta no mesmo. O não-cigano inconformado pelo caráter ambíguo de Zoraide e sofrendo por amor, reivindicou receber de volta todos os presentes que havia lhe dado. Insolente e atrevida, a Cigana se negou a devolver. Alguns dias passaram, mas a indignação do jovem apaixonado só tornou-se maior. Ele foi ao acampamento no qual Zoraide pousava com os seus, entrou sorrateiramente e cravou um punhal no peito da Cigana. A moça morreu na hora e seu corpo foi colocado na fogueira com a finalidade de purificar sua alma mesquinha.

Quando o espírito da Cigana Zoraide chega a Terra vem com doçura e meiguice sem igual. Ela conta sua história mostrando que se redimiu e que não guarda traços desta época medíocre e amoral. Dá bons conselhos, apregoa a paz familiar, acalenta corações sofridos por diversos males, entretanto sua magia é direcionada para o amor entre casais. Ela trabalha retirando obstáculos da vida amorosa de quem por ela clama. Quando se trata de um relacionamento que está parado e sem ânimo, Zoraide revitaliza com facilidade. Costuma usar água ardente para limpeza, perfumes adocicados e velas aromáticas para a reaproximação, também confecciona patoás para proteção. Diz que não precisa de muitos aparatos, contudo, faz longos encantamentos com fitas coloridas, maçãs e cascas de pêras.
Zoraide estima receber oferendas de velas lilás, rosas e azuis claras em pares, desde que sejam acesas antes das seis horas da tarde. Os adornos de sua preferência são de lenços com franjas, brincos e pulseiras douradas.
  • Valéria Fernandes

Pintura Cigana de Maria do Carmo da Horahttp://www.losciganos.blogspot.com.br/search?updated-max=2010-12-03T16:30:00-03:00&max-results=100&reverse-paginate=true

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