-Existem muitas ciganas no plano espiritual de nome Sarita, mas de que eu tenha conhecimento de sua vida terrena, a que tem origem espanhola e emigrou para América do Sul com todo o seu clã, se destaca entre as demais.
Desde pequena, enquanto aprendia a ler a sorte através das cartas e das mãos, Sarita se interessava em fazer talismãs de bons fluidos com intuito de ajudar não só seu povo, mas também os não-ciganos que rondavam os acampamento por onde passava. Para confeccionar seus patuás, a jovem dependia da sabedoria dos mais velhos, pois alguns deles precisavam de ingredientes que, pela idade Sarita ainda não tinha domínio, como plantas, ervas e cascas de frutas. Todo o grupo incentivava e ajudava a ciganinha a desenvolver seus talentos, subsidiando-a com orientação e prática. Os homens confeccionavam moedas sem valor financeiro e com desenhos que ela lhes pedia, bem como davam forma às pedras que ela escolhia; as mulheres tratavam de ensiná-la mais cedo os segredos e o modo de como manipular os mais variados elementos da natureza para compor um bom amuleto. Com o passar do tempo Sarita aperfeiçoou seus dons e agregou outros, tornando-se uma mulher independente, admirada e doadora de amor por meio de suas magias.
Sarita foi uma cigana extremamente sedutora e vaidosa, gostava de se perfumar e se enfeitar para transitar pelo acampamento; bem vestida, dançava para o Sol e para a Lua. Casou com um cigano para quem ela havia feito um talismã para ter sorte no amor, o único que distribuiu durante anos igual ao dela.
Quando chega na Terra o espírito de Sarita não faz grandes exigências; dança, cantarola e fala alegremente para saudar quem por ele chamou; pede uma oração. No desempenho de suas funções faz leitura de mãos, cruza os baralhos de seus protegidos e ensina a fazer talismã para atrair e manter o amor. Trabalha com velas da cor do arco-íris, no entanto recebe oferendas com velas amarelas, de preferência aromatizadas de jasmim. Gosta de lenços, xales, adornos nos cabelos e saia rodada. Os anéis, colares e pulseira também devem ser usados para agradar seu jeito de cigana faceira.
- Valéria Fernandes
Pintura Cigana de Maria do Carmo da Hora
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