segunda-feira, 30 de junho de 2014

CIGANA VALDIRENE:


Há muitos anos atrás, num acampamento cigano, nasceram dois irmãos gêmeos bivitelinos: Valdirene e Valdir.

Apesar de serem de sexos diferentes, eles se pareciam muito um com o outro fisicamente. Estes irmãos cresceram muito grudados e sempre repartiam as mesmas brincadeiras. Assim, Valdirene sempre falava a Valdir:

- Não me deixe, nunca, irmão.

E a toda vez, o garoto respondia:
- Nunca lhe abandonarei, afinal você é a única irmã gêmea que tenho,

Um certo dia, ainda crianças, eles foram passear num bosque desconhecido. Porém, no meio do caminho, choveu muito. Então, os irmãos se abrigaram numa gruta até a tormenta passar.

Pouco a pouco a tempestade passou. Desta maneira, as crianças tentaram achar o caminho de volta para o acampamento e avistaram um lindo arco-íris no meio da estrada. Mas, de repente, uma onça apareceu na frente dos pequenos.

Então, Valdirene disse:
- Irmão, eu enfrentarei a fera primeiro, para lhe defender!
Deste jeito, Valdir, deu um passou a frente e exclamou:

- Como sou homem, sou eu que enfrentarei o bicho!
Após estas palavras, o cigano atirou uma pedra contra o animal, que ficou furioso.
Então, num piscar de olhos, saiu uma linda mulher de dentro do arco-íris irradiando luzes coloridas das suas mãos, que fizeram a onça se afastar. Após isto, a moça comentou:

- Sou Iris, a cigana do arco-íris.
- Gostei muito da união de vocês!
- Como a menina foi defendida pelo irmão, agora ela possui a obrigação de defendê-lo na próxima confusão que ele se meter.
- Afinal, vocês dois tem um pacto de almas: um precisa defender o outro por vez. Senão, os dois correm o risco de morrerem juntos.
- Lembrem-se disto!

Depois destas afirmações, a mulher entrou no arco-íris e desapareceu.
O tempo passou, os irmãos tornaram-se jovens e continuavam cada vez mais unidos.
Até que um dia, a caravana resolveu acampar num reino. Assim, os ciganos fizeram números de magia e dança neste novo lugar.
A princesa, do local, que assistia a tudo, apaixonou-se por Valdir e mandou sua serviçal chamar o cigano para dentro do castelo. Deste jeito, os dois passaram a ter um romance proibido. Porém, um dia, o rei pegou o casal junto no quarto e enviou Valdir para a prisão, com a intenção de mandá-lo para a fogueira sob a falsa acusação do cigano ter usado magia para seduzir sua filha.
Valdirene ficou desesperada e pensou em uma maneira de salvar o seu irmão. Primeiro, ela imaginou em conseguir a chave da cadeia para libertar Valdir. Mas como o rei era muito vingativo, a moça concluiu que ele poderia perseguir os ciganos para sempre e isto não seria bom. Desta maneira, como Valdirene era amiga das empregadas do castelo, ela perguntou a todas sobre o lugar onde as chaves da prisão eram guardadas. Assim, a cigana soube que elas ficavam escondidas na cozinha dentro de um pote de farinha. Deste jeito, Valdirene emprestou um uniforme de serviçal, vestiu, pegou a chave escondida na cozinha, foi até a prisão e soltou seu irmão. Porém, ela decidiu se vestir de homem para que fosse morta no lugar de Valdir e assim salvar os ciganos da perseguição do rei vingativo. Desta maneira, os dois trocaram de roupas.
No dia seguinte Valdirene foi para a fogueira, no lugar de Valdir, e acabou morrendo queimada.
Quando ela chegou ao paraíso dos Ciganos do Astral, um anjo disse-lhe:
- Parabéns, Valdirene!
- Afinal, você morreu por uma causa nobre.
- Por isto, você será um espírito de luz que terá como missão ajudar na união das famílias através do seu brilho e de suas bênçãos.
Reza a lenda que a cigana Valdirene é uma alma iluminada que traz harmonia para as famílias desestruturadas, quando invocada. Esta entidade gosta de roupas azuis, perfumes suaves e leques.

Luciana do Rocio Mallon

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