sábado, 31 de maio de 2014

CIGANO PABLO


foto: arquivo pessoal
Cavaleiro da noite e do dia,
Homem forte e corajoso,
É à força de um grupo cigano, é poder.
Com teu violino encantas a Lua Cheia.
Com teu sapateado ajudas a Mãe-Terra
A sentir teu lamento cigano e sentes na relva
A energia mais profunda da Natureza.
Ao olhar a fogueira decifra o que dizem as labaredas,
Pois é na chama do fogo que são revelados os mistérios do mundo.
Cigano, és homem forte e seguro do que queres.
Cigano, és amor, carinho, ternura e paixão ardente.
Cigano, pareces árvore frondosa de tronco grosso,
A proteger-nos das falsidades desta vida terrena.
Ao olhar para o infinito, possa eu sentir a tua energia.
Cigano, ao olhar a chuva caindo na relva,
possa eu sentir-te lavando-me das impurezas deste mundo;
E ao olhar a chama de uma vela, possa eu sentir-te a dizer-me:
"Estou te protegendo".
SALVE CIGANO PABLO E SUA LUZ!!!
(autor desconhecido)
Vivi nesta terra a muito e muito tempo atrás.
Quando vivo, chefiava uma tribo de ciganos que na maior parte do tempo acampava pelas terras de Andaluza, como em minha tribo as tradições eram passadas de geração para geração e de pai para filho, herdei a chefia da tribo ainda jovem de meu pai.
Aprendi tudo que era necessário aprender com os antigos da tribo, que para nós ciganos, são as pessoas mais sábias sobre a face da terra.

Durante o tempo em que chefiei a tribo sempre recorri a eles em busca de sabedoria para solucionar problemas ou quando tinha dúvidas ou quando necessitava tomar qualquer decisão que fosse de maior responsabilidade, nunca gostei de tomar qualquer decisão, sem antes consultar a sabedoria dos antigos.
Quando nasci, fui prometido como todos os ciganos a filha de um dos ciganos da tribo, crescemos juntos e aprendemos a gostar um do outro e assim foi até atingirmos a idade necessária para contrairmos o matrimonio, enquanto isso, aprendi com os antigos, todos os truques e todas as magias ciganas.
Tornei-me um grande conhecedor de magias e adquiri um pouco da sabedoria dos antigos.
Chegada à época das núpcias, casamo-nos aos quinze anos de idade, aprendemos juntos como liderar a nossa tribo.
Tivemos três filhos machos.
Segundo a tradição todos foram prometidos e assim seguimos nossos caminhos, com muita alegria e muita fartura.
Trabalhávamos arduamente cada um em seu oficio em prol da coletividade.
Com os filhos crescendo e a nossa felicidade a largos passos, começaram os problemas, o meu primogênito, ao qual cabia substitui-me na liderança da tribo, resolveu rebelar-se contra a nossa tradição, não querendo aceitar o acordo de núpcias feito entre nossa família e a de sua prometida, assim causando um conflito na tribo, como se não bastasse, resolveu envolver-se com outras moças da tribo, causando o desagrado de todos os homens que já se estavam como ele prometidos a essas moças, até que seus atos o levaram a um conflito direto com um dos jovens da aldeia, e pelas leis da tribo, levaram a um duelo pela honra.

Eu já sabia de antemão como terminaria esse duelo, pois, com a sua revolta, o meu filho não quis aprender comigo a arte de duelar, com isso encontrava-se despreparado para o duelo.
Vendo-me com grande dor no coração por saber-me impotente em relação ao fato de também se fazer cumprir a lei da tribo (essa lei nunca havia sido utilizada na tribo).
Tornei-me introspectivo e voltei-me para os antigos em busca de consolo. Sabendo os antigos pelo grande amor que nutria por meu primogênito, mostraram-me que havia uma maneira não muito ortodoxa de poupar o meu filho da morte certa, porem, sendo um bom lutador e tendo o conhecimento da magia do duelo, sabia também que não deveria vencer o jovem.

Assumi o lugar de meu filho (deveria morrer em seu lugar).
E assim fiz, desencarnei nas mãos de um jovem cigano irado com o fato de meu filho ter desonrado a sua prometida.
Deixei em desgraça uma jovem mulher e três filhos rezando a Santa Sara para que cuidasse de todos.
Durante o tempo que me foi permitido velar por minha tribo e minha família, fiquei ao lado de todos tentando colocar algum juízo na cabeça de meu filho, esperando que depois do fato acontecido ele resolvesse aceitar o seu destino, mesmo depois de tudo o que fiz, esse meu filho ainda se rebelou com o que fiz, continuou em sua busca de algo que nem ele sabia o que era.
Nessa sua busca desse algo, foi levando em seus passos o meu segundo filho, que sem o pai, estava completamente envolvido pelo irmão mais velho, tentei de todas as maneiras que pude e me foi permitido, influenciar ao primogênito o sentido de dever, não conseguindo meu intento e vendo que o meu tempo estava se escoando, fiz o que qualquer pai amoroso faria, mudei o meu objetivo para o segundo filho, que com mais jeito que o mais velho aceitou tudo o que eu pude passar para ele.
Descobri então que com o segundo filho, tudo era mais fácil, pois, este já trazia de berço todos os dons que me foram passados por gerações, então investi neste, sempre com o intuito de regenerar o mais velho, indicando ao mais novo o caminho dos antigos, fiz com que este filho conseguisse com o seu carinho trazer o mais velho de volta, pois o segundo filho mostrou-se mais sábio que o pai e abrindo os olhos do primeiro filho o trouxe para o seio da tribo.
Depois de regenerado o meu primeiro filho retomou o seu lugar na tribo, ocupou o meu lugar, o qual o meu segundo filho controlou com muita sabedoria, ate a volta do irmão.
Ai eu pude seguir o meu caminho no astral ate o dia em que pude tornar a encontrar a minha amada, e voltar a montar a minha tribo no astral.
Pablo era moreno, de cabelos castanhos cacheados que iam até os ombros, costeletas e barbicha. Seus olhos eram esverdeados.
Quando fazia o seu pó e as suas magias, Pablo usava blusão verde-claro de mangas curtas, por cima usava um colete verde-folha; a calça era da mesma cor do colete, assim como o lenço que usava na cabeça, amarrado para o lado esquerdo.
Em dias de festa ele usava um blusão branco com mangas compridas bufantes e calças bufantes da mesma cor. Em cima do blusão vestia um colete de veludo azul-turquesa rebordado em pedras coloridas em tons claros. Na cintura usava uma faixa azul-clara brilhosa, na qual prendia o seu punhal de cabo de madrepérola. Na cabeça ele colocava um lenço azul-claro amarrado para o lado esquerdo.
SEUS ADEREÇOS
Pablo usava na orelha direita uma argola de ouro com uma minúscula turquesa. No pescoço ele trazia um cordão de ouro com um pingente em forma de dado, também feito de ouro.

Sua Magia
Esse cigano adorava mexer com folhas. As suas ervas preferidas eram o cólchico e o timbó-mirim. Esta última é ramosa, de cor verde-esbranquiçada; sua flor é rosa. Essa erva dá uma vagem dentro da qual existem várias sementes iguais a um feijão, na cor azul. É da semente dessa erva que se faz o anil e era dessa semente que Pablo fazia o pó que utilizava para magias diversas.

Pablo também usava, como seu pai, um copo de couro e três dados grandes para fazer suas vidências.
A fase da lua da sua preferência era a crescente.

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